Setor de serviços tem 3ª alta seguida, mas ainda não recupera perdas

setor de serviços

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em agosto o setor de serviços cresceu 2,9% em comparação a julho. Os dados foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira (14), e representam o terceiro mês seguido de crescimento do setor.

Apesar da alta, o segmento de serviços ainda não recuperou as perdas geradas pela pandemia e acumula queda recorde em 12 meses.

Além disso, o crescimento de 11,2% acumulado nos últimos 3 meses é insuficiente para recuperar o tombo de 19,8% registrado no período entre fevereiro e maio.

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Na comparação com os períodos anteriores à pandemia do novo coronavírus, o setor de serviços acumula taxas negativas, segundo o IBGE.

Em relação ao índice de fevereiro, logo antes do início das medidas de isolamento social, o volume de serviços registrado em agosto é 9,8% inferior. E quando comparado a agosto de 2019 o setor teve queda de 10%, o sexto valor negativo seguido neste padrão de análise.

De acordo com Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa, o setor de serviços precisa crescer 10,8% para retomar o patamar pré-pandemia. Rodrigo também apontou que nenhum dos cinco segmentos pesquisados conseguiu eliminar as perdas do período de pandemia, e que é difícil que a recuperação aconteça ainda em 2020.

O turismo, por exemplo, uma das atividades mais importantes do setor de serviços, foi seriamente afetado pela pandemia. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Turismo (CNC), 16,7% das empresas relacionadas ao turismo em funcionamento antes da crise fecharam as portas nos últimos meses.

O índice representa 49,9 mil empresas do segmento fechadas permanentemente por conta da crise, com prejuízos que ultrapassam os R$200 bilhões.

Período de quedas para o setor de serviços

No valor acumulado em 2020, o segmento registra queda de 9% em comparação ao mesmo período de 2019, com crescimento para apenas 25,3% das 166 atividades do setor analisadas.

Segundo o IBGE, a taxa dos 12 meses anteriores a agosto recuou 5,3%, mantendo uma trajetória de queda iniciada em janeiro e chegando ao pior resultado da série do indicador, iniciada em dezembro de 2012.

Na análise por região, em 21 das 27 unidades federativas o setor de serviços cresceu em agosto. Os destaques ficam com os estados de Minas Gerais (5,8%), Santa Catarina (3,4%) e São Paulo (2,5%).

Por outro lado, entre os estados que registraram queda no setor se destacam Tocantins (-5,5%) e Mato Grosso (-2,7%).

Variação por atividade e segmentos

Entre as cinco atividades analisadas, quatro tiveram alta em agosto. A que mais cresceu foi a de serviços prestados às famílias (33,3%), principalmente por conta da reabertura de restaurantes e hotéis.

Segundo o IBGE, a alta desta atividade foi a maior da série histórica, mas ainda está longe de representar uma recuperação das perdas registradas em março e abril.

Veja a seguir como ficou a divisão por atividade e seus respectivos subgrupos:

  • Serviços prestados às famílias: 33,3%;
  • De alojamento e alimentação: 37,9%;
  • Outros serviços prestados às famílias: 9,1%;
  • Serviços de informação e comunicação: -1,4%;
  • De tecnologia da informação e comunicação: -1,6%;
  • Telecomunicações: 0,2%;
  • De tecnologia da informação: -4,1%;
  • Audiovisuais: 3,3%;
  • Profissionais, administrativos e complementares: 1%;
  • Técnico-profissionais: 0,9%;
  • Administrativos e complementares: 0,8%;
  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio: 3,9%;
  • Terrestre: 4,3%;
  • Aquaviário: -1,9%;
  • Aéreo: 14,6%;
  • Armazenagem, serviços auxiliares aos transportes e correio: 2%;
  • Outros serviços: 0,8%.

Setor de serviços tem recuperação mais lenta

Além de ser um dos segmentos da economia mais afetados pela pandemia, o setor de serviços também se recupera mais lentamente do que o comércio e a indústria. E isso é observado principalmente em atividades de atendimento presencial.

Rodrigo Lobo destacou que as empresas do setor demonstram recuperação, mas têm um “teto de retomada” por não poderem oferecer plena capacidade de atendimento. Além disso, o pesquisador afirma que auxílio emergencial não tem tanto impacto sobre o segmento, já que é usado mais para consumo essencial.

Em relação aos outros setores da economia, as vendas do comércio tiveram alta de 3,4% em agosto, ficando 8,9% acima do patamar pré-pandemia.

Enquanto isso, a produção industrial teve a 4ª alta mensal seguida com o crescimento de 3,2% registrado em agosto. Mas o setor segue 2,6% abaixo do patamar de fevereiro.

Segundo a pesquisa Focus mais recente do Banco Central, a estimativa do mercado é de que o PIB brasileiro caia 5,03% em 2020, e cresça 3,5% no ano que vem. Entretanto, a projeção de queda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para a economia brasileira neste ano é pior que a do BC, 5,8%.

Para especialistas, o aumento do desemprego, o provável encerramento dos programas de auxílio, e a insegurança em relação à economia brasileira são os principais desafios para manter o ritmo de recuperação.

Felipe MatozoJornalista, ex-repórter do Jornal e Canal "O Repórter" e ator profissional licenciado pelo SATED/PR. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
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