Setor de cosméticos e higiene pessoal cresce acima do esperado em julho de 2020

Setor de cosméticos

Os produtos do setor de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal venderam 22,6% a mais em julho em comparação ao mesmo mês de 2019, conforme demonstrado em levantamento feito pela Abihpec, associação que representa o segmento.

Segundo o presidente da Abihpec, João Carlos Basílio, a expectativa para o setor era menos da metade do crescimento registrado. Agora, a estimativa é de que as vendas sigam aumentando até o final do ano, mesmo que em um ritmo menor do que o observado em julho.

O segmento que mais se destacou foi o de perfumaria, que cresceu 32,3% em julho quando comparado ao mesmo período do ano passado. Basílio acredita que houve certa influência do auxílio emergencial no aumento destas vendas.

Setor de cosméticos

O presidente da Abihpec afirma que por este ser um produto que as pessoas gostam de ganhar, o Natal de 2020 deve ser bom para o comércio de perfumes nacionais. Ele ainda ressalta que esse ano a concorrência para os produtos brasileiros será menor. Isso porque as viagens para o exterior foram seriamente afetadas pela pandemia, e o alto valor do dólar pressiona os preços dos produtos importados.

Em relação aos outros segmentos, o de higiene pessoal teve crescimento de 18,7%, e o de cosméticos 31,7%. Os destaques de cada categoria foram, respectivamente, o álcool em gel (96%) e os produtos de cuidados para pele (60%).

Enquanto isso, o chamado segmento de tissue, referente aos papéis para fins sanitários, teve aumento de 5,4%, diminuindo o ritmo observado nos primeiros meses de pandemia.

O crescimento do setor em julho representa uma tendência observada no primeiro semestre do ano, quando o segmento de cosméticos foi impulsionado pela alta do e-commerce. Segundo um levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), o setor de cosméticos teve um aumento de 107,4% no primeiro semestre de 2020, o que representou um faturamento de R$ 2,11 bilhões.

Alta nos preços de cosméticos e perfumarias preocupa o setor

Apesar do segundo semestre iniciar em alta, a pressão dos preços preocupa o segmento nesse momento. De acordo com Basílio, já se observa um aumento expressivo nos valores de produtos do setor, algo em torno de 25% a 30%.

Como explicação, o presidente da Abihpec cita o exemplo do alumínio, item bastante usado em embalagens de produtos do setor higiene pessoal e cosméticos, como tubos de desodorantes. Segundo ele, em reunião realizada na Fiesp as siderúrgicas sinalizaram reajustes na casa de 18% entre os meses de outubro e novembro.

Ficamos receosos com o fim do ano já que os dissídios salariais estão sendo corrigidos pela inflação IPCA, que está baixa. Além disso, o auxílio já está pela metade do valor. Então está difícil para fazer o repasse, mas vai chegar o momento em que o reajuste vai ter que acontecer,” afirmou Basílio em entrevista ao Valor Econômico.

O executivo ainda apontou que já se admite a possibilidade de falta de produtos em casos de quem estava com estoques baixos.

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Itens com vendas em baixa

Nem todos os produtos do setor de cosméticos e higiene pessoal registraram alta no período. O presidente da Abihpec destacou entre os itens com vendas em queda os protetores solares, que recuaram 27% em julho, absorventes (16,4%) e fraldas (11%).

Em relação aos protetores solares, dois fatores principais foram apontados como causas para a queda. A primeira é a sazonalidade, já que julho é um dos meses mais frios do ano. Já a segunda causa apontada refere-se ao atraso na aprovação de produtos por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo Basílio, a fila de aprovação já é superior a 150 dias e limita os lançamentos das empresas do segmento. Ele ressalta que a Abihpec defende a análise da Anvisa, mas entende que isso deve acontecer quando os produtos já estiverem disponíveis no mercado.

Sobre os produtos em baixa no segmento de higiene pessoal, Basílio afirma que a queda destes itens tem gerado preocupação no setor. As vendas de absorventes e fraldas caem mesmo com preços sob controle e o auxílio emergencial. Para ele, isso reflete a falta de poder aquisitivo das classes D e E, já que se tratam de itens essenciais.

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Felipe MatozoJornalista, ex-repórter do Jornal e Canal "O Repórter" e ator profissional licenciado pelo SATED/PR. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
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