Empreendedorismo dispara no Brasil como alternativa durante a crise

Empreendedorismo

O ano de 2020 tende a fechar com o maior número de empreendedores da história do Brasil. Mas neste cenário de recorde, a alternativa do empreendedorismo surge principalmente por necessidade, e não por vocação.

Durante os primeiros nove meses do ano, a quantidade de microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil saltou 14,8% quando comparada ao mesmo período de 2019. Com isso, o país chega a 10,9 milhões de registros de MEIs.

Entre o final de fevereiro, pouco antes da pandemia, e o fim de setembro foram registradas 1.151.041 novas formalizações. Os dados são do Portal do Empreendedor, plataforma do governo federal.

Além disso, segundo levantamento do Sebrae, entre março e agosto deste ano foram cadastrados quase 43 mil MEIs a mais do que no mesmo período de 2019.

microempreendedorismo individual

Somando o número de MEIs às mais de 7,5 milhões de micro e pequenos negócios do país, o setor representa 99% das empresas privadas e 30% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

De acordo com especialistas, os brasileiros buscam no empreendedorismo uma alternativa de renda durante a crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19. Por conta disso, o Sebrae estima que 1 a cada 4 pessoas estarão envolvidas com um empreendimento recente até o fim do ano.

Segundo o diretor-presidente do Sebrae, Carlos Melles, o desemprego tem levado as pessoas ao empreendedorismo por necessidade de sobrevivência. Para ele, o momento atual é delicado para as micro e pequenas empresas, que vivem um redemoinho causado pela pandemia.

Estamos começando a ter que voltar a pagar os impostos que foram suspensos por alguns meses, entre abril e setembro, e o acesso a crédito ainda é um dos principais problemas”, completa Melles.

Alternativas para aliviar a crise para empreendedores

O executivo do Sebrae é um dos defensores de que as medidas de estímulo às micro e pequenas empresas sejam prolongadas. Após o fim do prazo de prorrogação do pagamento de impostos, Melles trabalha para que o Congresso Nacional aprove medida que concede moratória aos tributos suspensos entre abril e setembro.

Segundo o diretor-presidente do Sebrae, é possível até que seja necessária a concessão de uma anistia aos empreendedores. Ele ressalta que a expectativa é de que o governo perceba que se não olhar por este setor fundamental para a economia brasileira, muitos negócios serão encerrados no país.

Conforme dados do Ministério da Economia, as empresas que optam pelo Simples Nacional (regime tributário voltado a Pequenas e Médias Empresas) geram mais da metade dos empregos formais no Brasil. Elas são responsáveis por aproximadamente 55% dos empregos formais, e representam 44% da soma de todos os salários pagos aos trabalhadores durante o ano.

Crise também estimula inovação no empreendedorismo

Mesmo com tantas adversidades encontradas no cenário atual, os pequenos empreendedores vêm inovando durante o enfrentamento da crise. Segundo levantamento realizado pelo Sebrae no final de agosto, o e-commerce segue crescendo entre micro e pequenas empresas que têm presença online.

Se no final de maio 59% das empresas utilizavam canais como redes sociais, aplicativos ou plataformas de lojas online, atualmente esse percentual saltou para 67%. Entre os empreendedores entrevistados, 16% começaram a vender online após o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil.

Um dos principais exemplos de setores de atuação de microempreendedores que vem mostrando adaptação a este novo cenário é o de vendas diretas. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), em julho o setor de vendas porta a porta cresceu 38,9% em comparação ao mesmo mês de 2019.

E muito deste crescimento se deve às vendas online. O mesmo levantamento apontou que o segmento teve engajamento de 20,6% na internet, 18% no WhatsApp e 14,9% nas demais redes sociais. Ou seja, mais da metade das vendas de comerciantes independentes são realizadas pela internet.

Crescimento do empreendedorismo no Brasil

Em abril, um movimento de empresário liderados por Abílio Diniz, Eduardo Mufarrej e Luciano Huck, criou uma entidade privada sem fins lucrativos com o objetivo de arrecadar recursos para serem usados como crédito rápido e fácil para pequenos negócios durante a crise.

Além disso, a iniciativa também oferece cursos de formação para estimular estes empreendedores a se manterem no período de pandemia. A iniciativa foi batizada de Estímulo 2020 e já concedeu mais de 600 empréstimos, que juntos representam aproximadamente R$ 23 milhões.

Para que as operações de crédito possam acontecer, a iniciativa fechou parcerias com fintechs que cruzam informações cadastrais e de perfil de crédito das empresas por meio de uma plataforma, e com isso conseguem agilizar a pré-aprovação do empréstimo.

Segundo representantes do grupo, o Estímulo 2020 tem o diferencial de não pedir garantias, somente um bom histórico de crédito do período anterior à pandemia.

Felipe MatozoJornalista, ex-repórter do Jornal e Canal "O Repórter" e ator profissional licenciado pelo SATED/PR. Ligado em questões políticas e sociais, busca na arte e na comunicação maneiras de lidar com o incômodo mundo fora da caverna.
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